É óbvio que o "sim" tem vindo a perder terreno à medida que se aproxima a data do referendo - fenómeno que, aliás, sondagens de outras empresas também têm evidenciado.
Embora a vitória do "sim" seja um dado relevante deste estudo, importa não perder de vista que os 33% dos apoiantes do "não", somados aos 13% dos que afirmam "não saber" ou "não responder", perfazem 46% de inquiridos com resistências à despenalização do aborto.
Um número suficientemente "pesado" de adversários ou reticentes ao "sim" à despenalização para que seja legítimo concluir que tudo está em aberto - a possibilidade de uma vitória do "sim" ou uma recuperação que acabe a permitir a vitória do "não" - no referendo de 11 de Fevereiro.
À partida, olhando os números deste barómetro Marktest, quase que se poderia dizer que o fantasma do referendo não vinculativo (o referendo em que não participam mais de 50 por cento dos eleitores, tal como aconteceu em 1998) estaria afastado do cenário de Fevereiro.
Efectivamente, quando interrogados sobre a ida às urnas, 64% do universo dos inquiridos respondem que "vão votar de certeza", enquanto 16,2% afirmam não ir votar "de certeza". Os indecisos sobre a comparência na mesa de voto, aqueles que respondem "talvez vá votar", são 17,5%. Apenas 2,3% afirmam "não saber", quando interrogados sobre esta matéria.
Registe-se que são os inquiridos do Grande Porto aqueles que manifestam maior intenção de ir votar no referendo - 73,8% "vão votar de certeza", enquanto essa percentagem desce para 66% na Grande Lisboa. A maior resistência à ida às urnas encontra-se no Interior Norte (apenas 57,7% manifestam intenções claras de votar) e no Sul (57,9% decididos a aparecer nas mesas de voto). E é no Interior Norte que está a maior taxa dos que afirmam "não ir votar de certeza" - 22,3%.
Na distribuição por classes sociais, verifica-se que é no estrato "alto e médio-alto" que se encontra a maior percentagem de inquiridos que afirma ir "votar de certeza" - 80%. Na classe média, a maior certeza na deslocação à mesa de voto é de 68% e na classe "média e média-baixa" é de 57%.
Os indicadores por idade revelam que a maioria dos adeptos do "sim" à despenalização do aborto se encontra na faixa etária dos 18/34 anos. É neste escalão que o barómetro regista que 69% dos inquiridos concordam com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, contra 22% que não concordam e um por cento que não sabe ou não responde.
Os números favoráveis ao "sim" começam a descer à medida que se avança na escala etária. No intervalo dos 35/54 anos, o número de adeptos do "sim" já desce para 57% e o dos favoráveis ao "não" sobe para 32%. Os indecisos também aumentam para 11 por cento.
É entre os maiores de 55 anos que o "não" ganha e há maior percentagem de indecisos. 45% não concordam com a despenalização, 37% concordam e há 18% de indecisos.
Em Outubro passado, o barómetro Marktest dava ao "sim" à despenalização do aborto 63% das intenções de voto; em Novembro, as opiniões favoráveis ao "sim" desciam para 61%; na sondagem que hoje publicamos, o número de apoiantes da despenalização representa agora apenas 54% do universo dos inquiridos.
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