quarta-feira, novembro 01, 2006

Argumentos do Não são medievais!

Uma activista pró-legalização do aborto acusou os adeptos do «não» de imitarem argumentos medievalistas contra a masturbação, ao defenderem que há vida a partir do momento da concepção.

«Na Idade Média também quiseram proibir a masturbação porque consideravam que os espermatozóides eram homenzinhos em potência», ironizou a dirigente da União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) Maria José Magalhães, num debate sobre «O Aborto e o Referendo», promovido na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto.

Na sua intervenção perante um público dominado por estudantes universitários, Maria José Magalhães disse que a criminalização do aborto nunca funciona como elemento dissuasor.

As mulheres com poder económico recorrem a clínicas estrangeiras e as de baixa condição social «continuam a fazê-lo em abortadeiras de vão de escada», disse.

«Uma coisa é o apelo à maternidade responsável, outra é levar mulheres a tribunal porque, por circunstâncias diversas, foram obrigadas a abortar», afirmou ainda a dirigente da UMAR.

Um proposta de referendo sobre a despenalização sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG) até às dez semanas foi aprovada este mês no Parlamento e o Presidente da República, Cavaco Silva, pediu ao Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização preventiva da constitucionalidade e da legalidade da proposta.

No debate de hoje, no Porto, o sociólogo e deputado do Bloco de Esquerda João Teixeira Lopes contestou que o referendo possa ser visto como simples defesa ou recusa da IGV.

«Ao votar sim, não estamos a obrigar ninguém a abortar nem a fazer a apologia do aborto. Estamos apenas a dar o direito à escolha. Quem for contra, pode continuar a não o fazer», acrescentou.

João Teixeira Lopes disse que preferia que a liberalização da IGV até às dez semanas fosse decidida no Parlamento, explicando que o Bloco de Esquerda acabou por aderir à tese do referendo «para não quebrar unidades vastas» e porque o partido «não tem medo de ir à rua» em defesa do «sim», contra a «cultura do medo que muitos trarão à liça».

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