Fernando Madaíl
Marcelo Rebelo de Sousa respondeu segunda-feira a um desafio lançado por Francisco Louçã ; o líder do BE retorquiu ontem ao antigo presidente do PSD. A polémica é inovadora porque, em vez de ser em artigos de jornais ou participações televisivas, está a ser travada na Internet. E, ainda por cima, numa das novidades cibernética, que é o canal de vídeos domésticos YouTube.
Marcelo surge no vídeo, em que é entrevistado na sua sala, a explicar a "habilidade por detrás da pergunta da despenalização" (ele está contra a prisão), que é "fazer entrar a liberalização" do aborto no nosso ordenamento jurídico. Louçã, num registo próximo do tempo de antena televisivo, contrapõe que o opositor fica "numa situação paradoxal, contraditória, esquisita", ao não querer qualquer penalização, mas votando "a favor de uma lei que mantém uma pena de prisão de três anos".
Entretanto, numa sessão de esclarecimento do Bloco, segunda-feira à noite, em Algés, Louçã também rebateu alguns dos argumentos com que Marques Mendes explicou, num artigo publicado no Correio da Manhã, por que motivo vai votar "não". Para o líder bloquista, comparar o aborto ao narcotráfico e à corrupção, como fez o presidente do PSD, "é uma gravíssima ofensa contra todas as mulheres", revelando "insensatez e insensibilidade"
Mas as maiores críticas seriam dirigidas a alguns dos rostos da campanha do "não", como Bagão Félix e Maria José Nogueira Pinto, que se assumem sempre "pela vida" e que Louçã acusa de, há poucos meses, serem contra a lei da procriação medicamente assistida, quando há milhares de casais com problemas de infertilidade. O bloquista diz que os ouviu afirmar que, "se essas pessoas não podem ter filhos, então não os devem ter, porque isso não é um problema médico, é o destino".
E concluiria que essas figuras, que se declaram a favor da natalidade, chegaram a falar na procriação medicamente assistida como um "adultério consentido, feito (com lascívia) numa pipeta de laboratório".
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